O garoto da barriga transmorfa

A história a seguir é surpreendentemente real. Acreditem, pois é sempre bom estar preparado para um ataque surpresa de um molequinho safado com um vortex na barriga...

Tudo aconteceu em uma festa que tive que ir. Era uma festa da família de um colega meu, cujo nome permanecerá em extremo sigilo, a pedido do mesmo. Lá estava eu, na boa, tentando não bater em nenhum molequinho chato, quando vi, para minha surpresa, um gordinho muito estranho atacando uma senhora em um dos quartos da casa. Eu fui o único que vi o gordinho safado, e senti que ele me viu também. Saí de mansinho para não ser percebido. A visão que tive foi assustadora, o gordinho não parecia ser uma criança normal. Naquele mesmo momento, percebi que seria mais um caso para mim desvendar. Bom, já de primeira, descartei a possibilidade de que o gordinho estava querendo manter relações sexuais com a senhora. O menino não aparentava ter nem 9 anos, e a senhora era velha e gorda, nem o mais desesperado dos bebuns iria querer algo com a velha. Decidi perseguir o moleque, mas não encontrei nenhum gordinho como aquele na festa. Por sorte, prestei bastante atenção na roupa dele quando o avsitei, e achei um garoto com roupas idênticas. Agora era só provar se era mesmo o gordinho. Segui o moleque a festa inteira, sem sucesso. Mas no finalzinho da festa, consegui avistá-lo em sua forma gorda de novo. Ele atacou desta vez uma senhora mais velha, de aparentemente uns 70 anos. Desta vez eu não saí antes de ver o que o gordinho fazia com as senhoras. Para o meu horror, o moleque se tornou mais gordo ainda, sua barriga se tornou um vortex, algo como um buraco negro, e sugou a velhinha.

"O que diabos é esse gordinho", pensei. Tudo bem, agora eu iria abordá-lo. Entrei no quarto subitamente, armado com uma cadeira de plástico, bem ruim para assentar, por sinal. O gordinho levou um susto, e voltou para sua forma normal quase que na mesma hora em que entrei. Eu apenas disse para ele:
- Eu sei o que você fez. Agora você vai contar porquê você fez aqelas coisas com aquelas senhoras.
O gordinho fez que não entendeu, e eu dei uma pancada na cabeça dele. Grande erro. Nem imaginei o quão forte era aquela criatura. Ele apenas segurou a cadeira, e quebrou com uma das gordas mãos. "Tô na merda", pensei. O moleque se transformou: de um garoto normal, para um ser totalmente abominável. Ele avançou para cima de mim, mas consegui desviar, e ele bateu a cabeça na porta com toda a força. A pancada foi tão forte que abriu um rombo na porta de madeira. Ele caiu desacordado. Enquanto ele estava no chão, amarrei-o com cordas feitas de uma liga especial de aço (carrego sempre comigo). Quando ele voltou a si, meia hora depois, emitiu vários gritos supersônicos, os quais eu não consegui ouvir, mas reparei pelo efeito que os gritos geraram nos animais fora da casa. Os animais caíram no chão, como se tivessem sido atingidos por algo muito forte. Por sorte, nos humanos não há nenhum efeito do tipo.

Tudo bem, agora eu tinha a chance de interrogá-lo. Conversando com ele, descobri que ele vinha de um planeta muito distante, tão distante que não é possível medir em anos-luz, apenas em uma medida usada neste planeta, o nhamglotz, que equivale à mais ou menos um trilhão de anos luz. O planeta dele fica à 567 bilhões de nhamglotz. Se você quiser fazer a conta, fique à vontade. Fiquei sabendo também que o ato de sugar pessoas para dentro de sua barriga através de um vortex é essencial para a vida dele. O gordinho me disse seu nome em sua língua natal: Elya Stron Phaliks Drion, mas eu preferir chamá-lo de Elias. Eu não capturei ele, pois na época não tinha interesse em dissecá-lo para estudos. Ele disse também que sua nave havia caído na Terra, e descreveu como ela era: era um organismo vivo, que tinha sentimentos e capacidade de falar, ver e ouvir. Ele confessou sentir falta dela até hoje, pois ela morreu na queda, e era muito amiga dele.

Quando eu menos esperava, Elias se soltou das cordas e pulou em cima de mim! Gordinho safado, me enganou! Mas rapidamente eu peguei a mão dele e coloquei dentro do vortex em sua barriga. A visão não foi nada boa: ele sugou a si mesmo, vagarosamente, enquanto se debatia e um fluído azul saía de suas entranhas. Confesso que fiquei noites sem dormir, mas tudo bem, eu me acostumei a ver entranhas mais tarde, quando comecei a dissecar algumas aberrações para acabar com a superlotação das masmorras (qualquer semelhança com o sistema presidiário do Brasil é mera coincidência...). Antes dele morrer, tirei uma foto dele em sua forma camuflada e outra em sua forma normal:


Forma camuflada
Forma natural